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Osteoporose: reabilitação e treino

O que é a Osteoporose?

A osteoporose é uma doença do sistema esquelético caracterizada por uma diminuição da massa óssea e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo. A Organização Mundial de Saúde define operacionalmente a osteoporose com base na medição da densidade mineral óssea (DMO).

É mais comum em mulheres do que em homens, afetando principalmente mulheres acima de 60 anos (60%) e homens acima de 70 anos (20%). Esta condição leva ao enfraquecimento dos ossos e a um maior risco de fratura. De acordo com a International Osteoporosis Foundation (IOF) a osteoporose causa aproximadamente 9 milhões de fraturas anualmente em todo o mundo, sendo as mais frequentes a do fémur, das vértebras torácicas e lombares, do rádio e do úmero. É estimado que uma em cada três mulheres e um em cada cinco homens com mais de 50 anos terá uma fratura osteoporótica.

Em Portugal, a prevalência da osteoporose em indivíduos com idade superior a 18 anos foi calculada em aproximadamente 10% (17% no género feminino e 2,6% no masculino) tendo-se estimado que anualmente ocorrem 40 000 novas fraturas osteoporóticas.

Fatores de risco da Osteoporose

O tecido ósseo é constantemente absorvido e substituído ao longo da vida, mas quando a taxa de absorção é superior à taxa de produção, a massa óssea diminui. As mulheres são mais atingidas pela doença, uma vez que, na menopausa, os níveis de estrogénio diminuem bruscamente, levando a que consequentemente chegue menos cálcio até os ossos (fundamental na formação do osso). A osteoporose pode também ter origem numa série de doenças ou tratamentos, incluindo alcoolismo, anorexia, hipertiroidismo, remoção cirúrgica dos ovários e doenças renais. Alguns medicamentos aumentam o ritmo de perda óssea. A falta de exercício e o tabagismo são também fatores de risco.

Todas as mulheres com 65 anos ou mais devem ser rastreadas para osteoporose através da medição da DMO na anca e coluna lombar. A Avaliação Corporal por DXA (dual x-ray absorptiometry) é o melhor exame de diagnóstico para o efeito e o resultado é indicado através do desvio padrão em relação aos valores de referência.

Apesar da taxa elevada de perda óssea na coluna lombar durante a transição da menopausa, o risco absoluto de fratura é muito menor em mulheres pós-menopáusicas mais jovens do que em mulheres mais velhas. Nomeadamente, a probabilidade absoluta de fratura da anca em 5 anos é inferior a 1% até a idade de 70 a 79 anos, quando começa a aumentar exponencialmente. No entanto, as mulheres com menos de 65 anos podem necessitar de fazer uma triagem (medição da DMO) se tiverem certos fatores de risco para fratura.

Osteoporosis Self-assessment Tool (OST)

A Osteoporosis Self-assessment Tool (OST) é uma ferramenta simples utilizada para identificar pessoas que são mais propensas a ter baixa DMO e, consiste no seguinte cálculo:

[Peso (kg) – Idade (anos)] × 0.2

Os estudos sugerem que uma pontuação de OST menor que 2 é um ponto de corte apropriado para selecionar mulheres pós-menopáusicas mais jovens para o teste de DMO.

Fracture Risk Assessment Tool (FRAX)

Uma forma mais precisa de medir a probabilidade de fratura em 10 anos é através do Fracture Risk Assessment Tool (FRAX). O questionário tem em consideração os seguintes fatores de risco:

  • Idade avançada;
  • Sexo (mulheres, sobretudo pós-menopausa);
  • IMC (<20);
  • História de fratura anterior;
  • História familiar de fratura da anca;
  • Tabagismo;
  • Uso de glcocorticóides;
  • Artrite reumatóide;
  • Osteoporose secundária;
  • Consumo álcool ≥3 unidades por dia (1 unidade = 9-10oz cerveja ou 4oz vinho);
  • DMO do colo femoral (g/cm2).

Fisioterapia e Tratamento da Osteoporose

O objetivo principal do tratamento da osteoporose é reduzir o risco de fraturas, especialmente da anca e vértebras. A mudança na DMO é menos importante do que o efeito do tratamento no risco de fratura subsequente. Desta forma é fundamental solicitar avaliação e intervenção de fisioterapia, especificamente a avaliação dos fatores de risco para quedas, avaliação da marcha, treino de equilíbrio e programa de fortalecimento. A intervenção fisioterapêutica para indivíduos com osteoporose, ou mesmo osteopenia, deve incluir:

  • Exercícios de fortalecimento usando pesos ou bandas de resistência (mostram manter ou melhorar DMO);
  • Exercícios de equilíbrio e controlo postural são importantes para reduzir o risco de quedas;
  • Treino de marcha;
  • Exercícios de flexibilidade e posturais como RPG ajudam a prevenir mudanças estruturais que muitas vezes acompanham a osteoporose (como a hipercifose torácica);
  • Hidroterapia com água a 25-30 °C permite executar movimentos com maior facilidade;
  • Exercícios respiratórios;
  • Treino das Atividades da Vida Diária (AVD’s);
  • Educação em saúde e conselhos como:
    -> use sapatos confortáveis e adequados para evitar quedas;
    -> evite tapetes e chinelos desarrumados – podem causar quedas;
    -> tenha uma boa iluminação nas escadas;
    -> faça exames de visão regularmente;
    -> tente evitar pegar objectos pesados / considere entrega ao domicílio das compras de supermercado.

O tratamento farmacológico reduz o risco de fraturas subsequentes em mulheres na pós-menopausa com fraturas vertebrais existentes ou osteoporose, e entre adultos com 50 anos ou mais com fratura da anca recente. Um período de tratamento de 5 anos com bifosfonatos orais (3 anos para bifosfonatos intravenosos) é uma estratégia razoável para muitos pacientes, porque a redução no risco de fraturas incapacitantes supera o risco de danos a curto prazo do tratamento. O uso de fármacos em mulheres mais jovens (50 – 64) deixa-as com menos opções de farmacoterapia aos 70 anos, quando o risco de fratura começa a aumentar.

Dicas para prevenir o surgimento da Osteoporose

Algumas recomendações para reduzir o risco de aparecimento de osteoporose são:

• Manter um peso corporal saudável (IMC >20 kg/m2);
• Comer proteína suficiente (0.8 g/kg de peso corporal por dia);
• Evitar bebidas alcoolicas em excesso;
• Não fumar;
• Exercitar regularmente;
• Comer alimentos com cálcio e vitamina D.

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Referências Bibliográficas:

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