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A importância do treino de resistência à fadiga na recuperação pós-cirúrgica do Ligamento Cruzado Anterior

A recorrência de lesões do ligamento cruzado anterior (LCA) continua a aumentar por 1000 exposições de atletas, pelo que urge fazer uma avaliação dos atuais programas de prevenção de lesão. Atualmente estes programas, de forma geral, combinam exercícios de treino de força, agilidade, equilíbrio e proprioceção e pliometria, mas parecem descurar o treino de resistência à fadiga, condição a que muitos atletas estão sujeitos em ambientes desportivos complexos.

Quando nos referimos aos mecanismos da fadiga pode parecer simplista, mas resulta inicialmente de um desequilíbrio entre stress físico (aumento da fadiga e diminuição da performance) e psicológico (aumento da ansiedade e labilidade emocional) e a recuperação. A interação entre as duas dimensões da fadiga e a sua afetação no controlo neuromuscular parece ser subvalorizada. Quando alguém está fatigado pode existir uma perturbação nalgum componente do controlo neuromuscular o que, por sua vez, pode conduzir a uma instabilidade dinâmica. Esta instabilidade conjugada a uma crescente carga de treino e recuperação negligenciada aumenta o risco de lesão.

Exercícios de Treino para Reabilitação do LCA

Apesar de serem inúmeros os programas de reabilitação para o LCA, parecem existir lacunas na integração do treino de resistência à fadiga nesses mesmos planos e, para preparar melhor os atletas, há estratégias que poderão ser adotadas:

  • incluir tarefas de movimento complexas, específicas da modalidade desportiva e cognitivamente exigentes através do condicionamento da tarefa pelo tempo ou introduzindo incerteza/variabilidade;
  • aumentar as capacidades de treino aeróbica e anaeróbica como um elemento protetor para picos de trabalho mais exigentes e pontuais (mais propenso ao desenvolvimento de lesões);
  • sensibilizar para a importância de uma correta higiene do sono e monitorizar os níveis de stress e recuperação pela aplicação da escala Recovery-Stress Questionnaire for Athletes (RESTQ-Sport) ou Escala de Borg para a Recuperação;
  • promover ideação interna pelo atleta das tarefas desportivas que faz, bem e os erros (mostrou ser benéfico na diminuição do stress e ansiedade, no aumento da autoconfiança e alívio da dor)

Lançado este tema, cabe aos Fisioterapeutas, nas recuperações de pós-cirúrgicos de lesões do LCA, integrar os princípios de controlo dos mecanismos de fadiga periférica e central nos seus planos conscientes de que a fadiga é algo natural que os seus atletas irão experimentar e que, quando presente, aumenta o risco de nova lesão.

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Referências:

Benjaminse, A., Webster, K. E., Kimp, A., Meijer, M., & Gokeler, A. (2019). Revised Approach to the Role of Fatigue in Anterior Cruciate Ligament Injury Prevention: A Systematic Review with MetaAnalyses. Sports medicine (Auckland, N.Z.), 49(4), 565–586. https://doi.org/10.1007/s40279-019-01052-6

Heil, J., Loffing, F., & Büsch, D. (2020). The Influence of ExerciseInduced Fatigue on Inter-Limb Asymmetries: a Systematic Review. Sports medicine – open, 6(1), 39. https://doi.org/10.1186/s40798-020-00270-x