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Fisioterapia no Pós-Cirúrgico de Cancro do Colo do Útero

Em 2020, foram diagnosticadas cerca de 604 mil mulheres com cancro do colo do útero em todo o mundo e cerca de 865 casos foram diagnosticados em Portugal, resultando em 379 mortes.

O Vírus do Papiloma Humano (HPV) é a principal causa de cancro do colo do útero. Apesar de já existir vacinação contra este vírus, em Portugal 20% das mulheres entre os 18 e os 64 anos estão infetadas e estima-se que entre 75% a 80% das mulheres sexualmente ativas sejam infetadas por HPV alguma vez durante as suas vidas.

Muitas das vezes, o nosso organismo é capaz de eliminar o vírus. Contudo, não é atualmente possível prever se este irá ou não resultar numa doença associada, pelo que a prevenção e rastreio – teste Papanicolau – junto do médico de família e ginecologista é extremamente importante. A infeção por HPV é mais retratada como sendo um problema do género feminino, mas também atinge os homens e, por isso, Portugal foi dos pioneiros a integrá-los no plano de vacinação.

As mulheres sobreviventes de cancro do colo do útero muitas vezes experienciam incontinência urinária e/ou fecal, perda de sangue, dores abdominais, de costas, de pélvis e de pernas, neuropatia periférica, fadiga e até mesmo disfunções sexuais. Pode ficar afetado o pavimento pélvico, composto por músculos, ossos e ligamentos, que beneficia de reabilitação como outras estruturas mais conhecidas.

O papel da fisioterapia no cancro do colo do útero

A Fisioterapia, não atuando diretamente sobre o cancro, pode auxiliar nas sequelas que advenham deste através de uma intervenção diferenciada que influencia positivamente:

  • no alívio e controlo da dor;
  • na força, flexibilidade e atividade da musculatura do pavimento pélvico;
  • na otimização da função.

O Fisioterapeuta pode fazer e ensinar a libertar pontos dolorosos e de tensão específicos e ajudar ainda no autoconhecimento corporal. O fisioterapeuta especialista em Saúde Pélvica é essencial para alcançar a harmonia entre as estruturas que foram afetadas, direta ou indiretamente pelo cancro, permitindo assim que as sequelas não interfiram, nem no dia a dia, nem na qualidade de vida das sobreviventes.

O biofeedback com sonda endovaginal é uma ferramenta que está à disposição do Fisioterapeuta para suportar uma intervenção mais exata e objetiva, a fim de potenciar os resultados.

Agende já a sua consulta com a nossa Fisioterapeuta especialista em Saúde Pélvica.

Referências bibliográficas:

Donovan, K. A., et al. (2014). Bladder and bowel symptoms in cervical and endometrial cancer survivors. Psychooncology, 23, 672-678.

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Skjeldestad FE, Hagen B. Long-term consequences of gynecological cancer treatment on urinary incontinence: a population-based cross-sectional study. Aca Obstet Gynecol Scand 2008;87(4):469-75

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