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Fisioterapia Respiratória

Fisioterapia Respiratória e os seus benefícios no Inverno

Queremos que conheça os benefícios da Fisioterapia Respiratória nesta época.

Os problemas respiratórios são frequentes em muitas pessoas. Apesar de existirem alturas do ano mais propícias ao desenvolvimento de problemas respiratórios (inverno, épocas de alergias, verão,…), com o tratamento e acompanhamento adequados, estes problemas podem ser resolvidos ou minimizados.

Os grandes grupos de risco são as crianças e idosos, pela imaturidade e fragilidade dos seus aparelhos respiratórios, respetivamente; mas também pessoas com doença respiratória crónica, como asma, bronquite ou DPOC, devem estar alerta aos principais sintomas durante todo o ano.

Os principais problemas referidos pelo doente respiratório são a dispneia (ou falta de ar), a tosse, a presença de secreções e a diminuição da tolerância ao esforço, seja para atividades do seu dia-a-dia ou durante a prática de atividade física ou exercício.

Assim, os principais objetivos da Fisioterapia Respiratória, são:

  • Reduzir os sintomas (dispneia, cansaço, tosse, expetoração);
  • Manter ou melhorar a tolerância ao exercício;
  • Melhorar a funcionalidade (i.e., através do treino das atividades diárias);
  • Manter ou melhorar o nível de atividade física;
  • Melhorar a eficiência da ventilação e reduzir o trabalho respiratório;
  • Apoiar o desmame da ventilação mecânica e a ventilação não-invasiva;
  • Mobilizar e ajudar a remover secreções;
  • Treinar/capacitar os doentes para a adoção de comportamentos saudáveis;
  • Aumentar a auto-eficácia na gestão da doença;
  • Reduzir a ansiedade e depressão relacionada com o impacto da doença respiratória;
  • Reduzir a dor torácica.

(GIFCR-APFisio, 2017)

Mas quem beneficia das sessões de Fisioterapia Respiratória?

Todos os indivíduos com problemas respiratórios podem beneficiar com as sessões de Fisioterapia Respiratória. Desta forma, é possível atuar em condições agudas (infeções respiratórias, derrames pleurais, atelectasia, pré/pós cirurgia torácica ou abdominal, bronquiolite). Contudo, também é possível atuar em contexto de patologia crónica, obtendo-se resultados extremamente válidos em casos como a DPOC, asma, fibrose quística, bronquiectasias, fibrose pulmonar, doenças neuromusculares, esclerose múltipla, lesões vertebro-medulares.

Então, como é uma sessão de Fisioterapia Respiratória?

A intervenção do Fisioterapeuta irá depender da avaliação prévia que for realizada, tendo em conta a história clínica do doente e aspetos particulares como a idade do doente (criança, adulto ou idoso), o tipo de patologia (aguda ou crónica), e situação atual da doença (problema agudo ou crónico).

Posteriormente será delineado um plano de tratamento com recurso a técnicas manuais ou instrumentais, de acordo com os problemas encontrados na avaliação. Dessas estratégias, salientam-se:

  • técnicas instrumentais/não-instrumentais de remoção de secreções;
  • aerossolterapia por nebulização;
  • técnicas de controlo respiratório;
  • ferramentas de fortalecimento dos músculos respiratórios;
  • técnicas de alongamento e fortalecimentos muscular;
  • treino e adaptação de Ventilação Não-Invasiva (VNI);
  • treino de exercício.

Embora existam protocolos, o número de sessões necessárias irá depender do estado da doença. Desta forma, para os problemas agudos (ex. infeção respiratória, bronquiolite, …) apenas algumas sessões poderão ser suficientes para normalizar a função respiratória e debelar a sintomatologia de desconforto respiratório. No entanto, na doença crónica, e porque a sintomatologia é semi-permanente, será desejável uma integração do doente num programa estruturado e de maior duração, designado de Programa de Reabilitação Respiratória.

Em que consiste o Programa de Reabilitação Respiratória?

Este programa é pensado para doentes com patologia respiratória crónica diagnosticada (Asma, DPOC, Bronquiectasias, …), tendo como principais objetivos:

  • aumentar a tolerância ao esforço, através do treino e da atividade física;
  • diminuir a sensação de falta de ar e o cansaço no dia-a-dia, melhorando a sua qualidade de vida;
  • aprender técnicas de auto-controlo e gestão de eventuais crises respiratórias;
  • aprender a prevenir/gerir exacerbações da doença e a melhorar a capacidade de gestão de emoções, como a ansiedade.

Sabemos da necessidade e urgência em encontrar soluções, mas apesar de todas as promessas que possa ter ouvido, estas sessões deverão decorrer durante um período de 8 a 12 semanas, 2 a 3x/ semana, com uma duração de aproximadamente 60 minutos. Assim, é possível garantir que os benefícios obtidos se mantenham durante mais tempo.

Assim, a Fisioterapia Respiratória tem com principal objetivo “otimizar o sistema de transporte de oxigénio, através da aplicação de técnicas de Fisioterapia não invasivas, de modo a promover a máxima funcionalidade, autonomia e qualidade de vida aos doentes respiratórios” (GIFCR-APFisio).

Por isso, seja qual for a sua idade, esteja atento aos sintomas e procure a nossa ajuda!

Texto do Fisioterapeuta especialista na área Cardiorrespiratória Pedro Seixas