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Planeamento e Progressão na Corrida

Desde há muitos anos que a inatividade física tem sido associada a vários problemas de saúde como hipertensão, obesidade ou osteoporose. Desde então, temos como referência as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) que nos indicam os valores mínimos de envolvência em atividade física, de modo a reduzir a probabilidade de desenvolver este tipo de doenças. Efetivamente, o compromisso com um plano de corrida regular está associado à redução da frequência cardíaca de repouso, triglicéridos e aumento do consumo máximo de oxigénio.

A corrida recreativa representa uma forma fácil, acessível e pouco dispendiosa de se manter ativo. Podendo ser praticada em qualquer local, seja em ginásio, com recurso a uma passadeira, ou mesmo na rua, esta forma de atividade física tem crescido muito nos últimos anos. No entanto, e apesar dos vários benefícios já mencionados, o aumento do interesse pela corrida recreativa foi acompanhado por um aumento da incidência de lesões relacionadas com esta. Autores identificaram uma incidência anual de entre 30 a 85% mais lesões que as registadas em períodos cuja corrida não era uma prática realizada por tantas pessoas. Para cada pessoa, as lesões contraídas apresentam efeitos de curto prazo e de longo prazo. A dor e desconforto estão associados a efeitos imediatos da lesão, consequências a curto prazo da lesão. Os efeitos a longo prazo incluem a redução da atividade física, osteoartrite após lesão aguda e aumento dos custos com cuidados de saúde. 

De modo a tentar perceber o que leva à existência de lesão, autores estudaram quais os principais fatores de risco para contrair lesões em pessoas que correm de forma recreativa. Deste estudo, foi possível identificar que os dois principais fatores são a reduzida força muscular nos membros inferiores e a cinética e cinemática articular apresentada pelos corredores.

De forma geral, baixos níveis de força nos plantar flexores, quadricípite, isquiotibiais e glúteo, estão fortemente associados a maior risco de lesão no membro inferior, especialmente na articulação do joelho e tornozelo. Também o padrão de corrida, ou seja, a técnica de corrida adotada por cada corredor pode estar associada a maior risco de lesão. Por exemplo, a rotação interna do joelho e elevada adução da coxa, durante a corrida, estão associados ao desenvolvimento da síndrome da banda iliotibial. Autores defendem que com valores de força reduzidos, a capacidade de controlar os movimentos articulares é mais reduzida, resultando num aumento de tensão nos tecidos moles e, em última instância, levar a lesões.

Deste modo, a prática de corrida recreativa deve estar sempre associada a um plano estruturados de reforço e ganho de força muscular, de modo a controlar os graus de liberdade articulares.

Não obstante, também a técnica de corrida desempenha um fator fundamental na prevenção de lesão. Mais que isso, além da redução do risco de lesão, quer a técnica de corrida, quer o aumento de força muscular potenciam a performance na corrida (ou seja, o tempo para percorrer uma determinada distância). Um programa de treino pensado e estruturado com o objetivo de melhorar a força muscular específica para o corredor, bem como a sua técnica de corrida são a melhor forma de complementar o programa de corrida de qualquer pessoa. O programa de treino deve ser específico para a pessoa e perceber quais as principais necessidades de cada um.

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