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Pubalgia – o que é, como prevenir e tratar

A pubalgia, ou síndrome pubálgico, é considerada um problema complexo da região inguino-pubo-adutoral e caracteriza-se, principalmente, pela dor intensa na região, com importante limitação na atividade desportiva e diária e que pode assumir um caráter de cronicidade, não sendo devidamente acompanhada. 

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O que é realmente a pubalgia?

É uma condição de difícil compreensão, pois envolve um conjunto de sinais e sintomas de uma região anatomicamente muito complexa e em nada deve ser confundida com o termo erróneo ‘’hérnia do desportista’’ pois não existe realmente a presença de uma hérnia na região.

PUBALGIA: cosa fare e cosa non fare | Fisiokinè Network

A pubalgia pode advir de mais de 60 origens, como problemas uroginecológicos, causas de origem degenerativa e reumatológica, infeção e neoplasia, sendo que as mais comuns, em atletas, são: adutores, psoas-ilíaco, canal inguinal e púbis.

Fatores de risco e sintomas

Há a identificação de alguns fatores de risco que podem auxiliar a sinalizar indivíduos mais propensos a desenvolver esta síndrome como: lesão prévia, rácio de força adutores/abdutores e amplitude dos quadrantes de movimento da anca. 

Os sintomas podem agravar com alguns movimentos pélvicos, deambulação, alongamento ou fortalecimento dos músculos abdominais e adutores ou atividades que aumentem a pressão intra-abdominal. A manutenção de atividades desportivas, como correr, rematar, ou outros movimentos bruscos poderão contribuir para a agudização do quadro clínico e contribuir para aumentar os desequilíbrios musculares e, subsequente, a instabilidade pélvica. 

Como tratar a pubalgia?

A intervenção apontada na literatura varia de períodos de repouso a intervenções cirúrgicas, porém, o tratamento fisioterapêutico é o mais comum sendo que a cirurgia apenas é indicada, dependendo da etiologia da síndrome, quando a abordagem conservadora falha. Deve-se iniciar uma abordagem mais central, reduzindo ou eliminando a dor, e, posteriormente, tratar como um todo as estruturas que podem estar correlacionadas com a lesão. 

De forma genérica, a intervenção em Fisioterapia passa por:

  • Abordagens passivas nomeadamente através da terapia manual e eletroterapia;
  • Exercícios de mobilidade da articulação sacroilíaca;  
  • Treino de flexibilidade e alongamento dos músculos associados à púbis/estabilizadores lombo-pélvicos; 
  • Estratégias ativas com reforço muscular numa abordagem de correção dos desequilíbrios de força avaliados;
  • Treino de propriocepção e orientados para o retorno à atividade; 
  • Crioterapia
  • Adaptação do calçado que favoreça o menor e mais otimizado impacto biomecânico.

Ainda que não esteja clara qual a melhor abordagem, a atuação preventiva é muito importante e consiste em treino de flexibilidade, correção de desequilíbrios de força e treino de lateralidade, sendo um bom exemplo o praticado pelo Copenhagen Adductor Exercise.

Texto da autoria da Fisioterapeuta Patrícia Mendes.

Referências Bibliográficas 

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