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Transplante meniscal

Os meniscos são duas estruturas que existem em cada joelho com grande importância biológica e biomecânica no joelho. São responsáveis pela absorção e transmissão de carga, estabilidade do joelho e lubrificação articular.

Anatomicamente, o menisco tem forma de um disco fibrocartilagíneo, bicôncavo em semi-lua. A forma do menisco externo é em “O” enquanto que a forma do interno é em “C” e é mais largo. O menisco interno está preso ao longo da periferia da cápsula articular e este é menos móvel que o menisco externo. O menisco externo tem o tendão do músculo poplíteo a separá-lo da cápsula articular e estas diferenças articulares entre ambos fazem com que o menisco lateral tenha menor grau de atividade comparado com o medial, assim como menor probabilidade de sofrer danos.

Pela sua importância na transmissão de carga, o tecido meniscal deve ser preservado ao máximo, no entanto em casos irreparáveis, surge muitas vezes a opção de realizar meniscectomia. Este procedimento irá aumentar a pressão de contacto numa área diminuída e poderá causar dor progressiva e diminuição da função.

Em indivíduos jovens que foram sujeitos a meniscectomia e reportam dor e diminuição da função, tem sido sugerida uma técnica de transplante meniscal. Esta técnica foi realizada pela primeira vez em 1984, utilizando um menisco de cadáver humano. O objetivo desta técnica por conferir um efeito condroprotetivo à articulação e atrasar a progressão de osteoartrite.

Alguns estudos científicos referem que os candidatos ideais para esta técnica são aqueles em que o tratamento conservador e/ou meniscectomia não resultaram, na presença de osteoartrite leve ou ausência da mesma, em idade jovem e com massa corporal normal.

Quanto à reabilitação deste tipo de cirurgia, nas primeiras 6 a 8 semanas o individuo operado irá realizar descarga com recurso a auxiliares de marcha. A amplitude articular deve ser ganha ao longo das primeiras 12 semanas após cirurgia de acordo com a tolerância do paciente. Este processo é complementado com exercícios de fortalecimento muscular e mais tarde com retorno as atividades desportivas de baixo impacto e/ou lúdicas.

Os estudos que existem sobre a eficácia dos transplantes meniscais são poucos e com amostras pequenas e apesar de ser um procedimento, por norma, bem sucedido na cirurgia, diminuição de dor e aumento de funcionalidade, há probabilidade de não voltar a retomar a prática desportiva anterior.

Bibliografia:

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