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O papel do exercício na reabilitação do complexo articular do ombro

A degeneração tecidular tem sido um achado comum em muitas das queixas relacionadas com quadros compatíveis com afeções do tendão. O desporto, principalmente nos últimos 20 anos, tem tomado um importante papel nas sociedades modernas e quase mais de 30% das lesões relacionadas com este tem uma componente de tendinopatia que são um desafio quer no diagnóstico quer na abordagem terapêutica.

Como a fisioterapia pode ajudar?

Uma das ferramentas de tratamento que o Fisioterapeuta tem para abordar patologias do complexo articular do ombro, nomeadamente as tendinopatias, é o exercício que se mostra, em geral, benéfico e eficaz. Particularmente, o exercício excêntrico tem obtido resultados promissores. Este tipo particular de exercício compreende a execução de um determinado movimento apenas na fase de alongamento da ativação muscular e é, normalmente, executado numa intensidade alta. O foco nesta fase potencia a reversão da neovascularização dolorosa na estrutura danificada do tendão, com efeitos positivos na estrutura de colagénio.

Do consenso de 2022 para a Prevenção de lesões do ombro, Reabilitação e Retorno ao Desporto em atletas saiu que é importante, nos programas de reabilitação, não se descurar o ratio de força entre rotadores internos e externos, mas que também não devem ser trabalhados isoladamente e sim integrados num plano de força onde exercícios de puxar e empurrar são integrados. Ainda foi consensual a importância de integrar exercícios de cadeia cinética aberta e fechada e incluir, precocemente, exercícios de pliometria. Para melhores práticas, deve haver um registo regular de indicadores de força, como forma de determinar a capacidade funcional do ombro, de amplitude articular e de escalas e questionários como o Shoulder Pain and Disability Index.

A avaliação sistemática, a definição de objetivos atingíveis e um plano de intervenção mutável estão na base do sucesso e retorno ao desporto com segurança.

Referências Bibliográficas:

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